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  • LMF São Carlos

Setor de Companhias Aéreas no Brasil

Breve história:

A história da aviação comercial começa por volta de 1930, onde a VARIG, primeira companhia aérea nacional, e a VASP, empresa estatal que foi posteriormente privatizada, se consolidaram como as principais empresas do setor.

Antes de 1990, esse setor se via sob uma pesada regulamentação, baseada em um modelo de controle governamental. O Departamento de Aviação Civil (DAC), órgão do governo brasileiro, tinha autoridade sobre a concessão de rotas, a alocação de slots aeroportuários e a supervisão das atividades das empresas aéreas. O DAC era responsável por regulamentar e controlar as operações das companhias aéreas em relação a tarifas, rotas e capacidade. As empresas aéreas precisavam obter permissão do governo para operar rotas específicas e ajustar suas tarifas de acordo com as diretrizes estabelecidas.

Após a década de 1990, o setor de aviação comercial brasileiro passou por mudanças significativas, com a introdução de políticas de desregulamentação e liberalização econômica. Essas mudanças resultaram em uma abertura maior do mercado, aumento da concorrência e maior flexibilidade para as companhias aéreas definirem suas tarifas e rotas, com a criação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para regular e supervisionar o setor.

Diversas empresas já passaram por esse setor competitivo e de margens apertadas. Dentre elas, algumas são: VASP, Varig, Transbrasil, Cruzeiro do Sul, LATAM, Gol, Azul e Passaredo, sendo que, nos dias de hoje, apenas as 4 últimas continuam suas operações.

Hoje em dia, a aviação comercial é o principal meio de transporte para viagens interestaduais em número de passageiros, e o Brasil detém o quarto maior mercado de voos domésticos do planeta


Empresas do setor

Azul: Companhia com maior número de decolagens e cidades atendidas, com aproximadamente 1000 voos diários e mais de 150 cidades atendidas. É a única empresa atuante em aproximadamente 80% de suas rotas. Além disso, atua em algumas rotas internacionais. Sua frota tem cerca de 180 aeronaves

Gol: Com uma frota de 145 aeronaves, composta apenas de Boeings 737, a Gol realiza cerca de 620 voos diários, detém um market share de 34% no mercado nacional e de cerca de 13% no mercado internacional. Em 2022, a Gol teve a tarifa média recorde do setor, de R$ 504,7 e também teve o menor custo operacional.


LATAM: Resultado da fusão entre a companhia brasileira TAM e a chilena LAN, a LATAM é a maior companhia aérea da América Latina. As ações da LATAM são negociadas na Bolsa de Valores de Santiago. A companhia está presente em cinco mercados domésticos: Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Peru, juntamente com as operações internacionais dentro da América Latina e para a Europa, EUA e Caribe, transportando 62 milhões de passageiros em 2022. No Brasil, a LATAM detem 37% do market share de voos domésticos.


Regulamentação:

Atualmente, a regulamentação do setor de aviação comercial no Brasil é supervisionada e controlada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), criada em 2005. A ANAC é uma agência reguladora independente, vinculada ao Ministério da Infraestrutura, e é responsável por regular e fiscalizar as atividades da aviação civil no país.

Suas principais responsabilidades são:

Certificação de empresas aéreas: A ANAC é responsável por emitir certificados que atestam a conformidade das empresas aéreas em relação aos requisitos de segurança e qualidade estabelecidos.

Regulação de tarifas: A ANAC monitora as práticas de preços para garantir a transparência e a concorrência adequada no mercado.

Direitos dos passageiros: A ANAC estabelece regulamentos para proteger os direitos dos passageiros.

Segurança operacional: A ANAC possui normas e regulamentos rigorosos para garantir a segurança operacional das empresas aéreas (requisitos de manutenção de aeronaves, treinamento de pilotos e tripulação, procedimentos de segurança em terra)

Infraestrutura aeroportuária: A ANAC supervisiona a qualidade dos serviços prestados pelos aeroportos, incluindo a segurança, a capacidade e o cumprimento das normas internacionais.


Principais despesas:

As principais despesas operacionais das companhias aéreas incluem: combustível; manutenção e reparos; pessoal; tarifas aeroportuárias; depreciação e amortização de aeronaves; marketing e vendas; seguros.

As três principais companhias atuantes no Brasil (LATAM, Gol e Azul), apresentam proporções semelhantes de cada uma dessas despesas. O gráfico abaixo mostra a proporção média de cada despesa em relação à despesa total dessas companhias:

Além dessas despesas, temos também as despesas financeiras (juros sobre empréstimos e despesas com financiamento), que podem chegar a mais de 30% da receita da companhia, sendo uma de suas principais despesas.


Drivers:

Renda per capita: A principal receita das companhias aéreas, como é de se esperar, vem da venda de passagens. Portanto, a renda per capita da população é um importante driver a ser considerado, uma vez que uma população com menos renda, tende a viajar menos e comprar menos passagens. O gráfico abaixo mostra a relação entre renda média per capita corrigida pela inflação (em azul) versus receita da Gol em milhões (em laranja) de 2015 a 2019, antes da pandemia:


Preço do combustível: Como foi mostrado anteriormente, a despesa com combustível é uma das mais significantes para as companhias desse setor. Logo, é de imaginar que a variação em seu preço influencia diretamente o preço das passagens e a receita das empresas. O gráfico abaixo mostra o preço médio por litro de combustível (em azul) versus o yield por passageiro/quilômetro em centavos (em laranja) da Gol:

Preço do Dólar: Diversas dívidas, financiamentos de aeronaves e outras despesas de companhias aéreas são negociadas em dólar, fazendo deste um importante driver do setor. O gráfico abaixo mostra a relação entre preço do dólar (em azul) e margem EBIT (em laranja) da Azul.




Impactos do COVID-19

O setor de companhias aéreas foi um dos setores mais impactados pela pandemia do COVID-19, uma vez que a demanda por passagens aéreas diminuiu bruscamente. No gráfico abaixo podemos ver a queda de cerca de 50% na receita líquida da Azul e da Gol entre 2019 e 2020:



O prejuízo líquido da Azul em 2020 ficou em mais de 10 bilhões de reais, enquanto o da Gol chegou a quase 6 bilhões. Esses prejuízos ainda afetam as companhias nos dias de hoje. A Azul, por exemplo, saltou de um patrimônio líquido de cerca de 3,5 bilhões negativos no último trimestre de 2019, para um patrimônio líquido atual de cerca de 20 bilhões negativos.


Comparação por múltiplos:





Referências:


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