Contexto do ESG:
A sigla ESG traduz-se, do inglês, para Ambiental, Social e Governança e aplica-se a tendência de integração entre a preocupação com questões ambientais, sociais e de governança junto a geração de valor econômico para uma instituição ou empresa. De maneira prática, o ESG é um conjunto de ações que define se uma empresa é sustentável, socialmente consciente e governada de forma correta e os três pilares são utilizados como critério de avaliação, juntamente às métricas financeiras, para o investimento em um determinado negócio.
O debate sobre o impacto da forma de agir de uma empresa ou instituição surgiu na década de 70, sendo um dos fatores a Guerra do Vietnã, que fomentou uma oposição às atitudes governamentais. Atualmente, os critérios ESG avançam dentro das organizações, como podemos observar pelos dados da PwC, que preveem que, até 2025, cerca 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa serão ESG, em torno de 7,6 trilhões de euros.
Cenário Brasileiro:
No Brasil, o investimento por parte de pessoas físicas teve um crescimento expressivo nos últimos anos, esse fenômeno pode ser explicado pelo aumento no número de contas de investidores Pessoa Física na B3, que, em 2018, eram 814 mil e, em 2022, passou para 5 milhões. O surgimento de novos investidores traz novas visões e prioridades para os investimentos, em que pautas ESG são consideradas essenciais para a presença das empresas nas novas carteiras de investimentos.
Contudo, por ser uma discussão relativamente recente no país, existem alguns desafios para consolidação dos investimentos ESG. A ausência de um treinamento formal para investidores profissionais em como incorporar critérios ESG nas análises ainda dificulta a disseminação de análises voltadas para esse tema, bem como o argumento de que, ao olhar para critérios ESG, algumas empresas são excluídas dos investimentos, o que diminui a diversificação das carteiras e deixa de investir em empresas que seriam consideradas rentáveis. Para esses pontos, é importante frisar que as decisões de um investimento devem analisar o contexto em que as empresas estão inseridas além das informações financeiras para que essa seja uma decisão que avalie as oportunidades e riscos de um segmento.
Assim, o cenário brasileiro para investimentos ESG apresenta oportunidades significativas. A crescente demanda dos investidores por empresas comprometidas com práticas sustentáveis e responsáveis cria incentivos para que as empresas brasileiras adotem melhorias em suas políticas e operações. Além disso, o Brasil possui uma gama diversificada de setores, como energia, agronegócio e serviços financeiros, que oferecem oportunidades para investimentos ESG em projetos de impacto positivo.
Principais índices na B3:
Com o aumento da importância dos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), surgiram no mercado diversos índices que selecionam as organizações que efetivamente implementam essas melhorias. Na Bolsa de Valores Brasileira, a B3, existem alguns índices que têm como objetivo reunir exclusivamente empresas que adotam boas práticas e políticas de sustentabilidade, bem como se envolvem em questões sociais e investem em uma governança corporativa mais sólida. São eles:
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3): O ISE B3 é uma das primeiras iniciativas na América Latina e um dos primeiros índices globais a serem estabelecidos com foco na sustentabilidade. Gerenciado pela B3, esse índice se baseia em quatro pilares fundamentais: eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.
Índice de Governança Corporativa (IGCT): O IGCT tem como propósito reunir empresas que demonstram maior engajamento com o pilar de governança corporativa. Em outras palavras, são empresas que estão verdadeiramente empenhadas em aprimorar sua gestão para gerar impacto positivo na sociedade, satisfazer acionistas, atender às necessidades dos consumidores e promover o bem-estar dos colaboradores.
Índice S&P/B3 Brasil ESG: O Índice S&P/B3 Brasil ESG, lançado em 2020 pela B3, agrega empresas que fazem parte do S&P Brazil BMI (Índice de Mercado Amplo). Para serem incluídas nesse índice, as organizações devem ser elegíveis para investimentos estrangeiros e não podem atuar nos setores de tabaco, carvão ou armamentos. Além desses critérios, é necessário que as empresas sejam aderidas ao Pacto Global estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Índice Carbono Eficiente (ICO2): O ICO2, fruto da colaboração entre a B3 e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi concebido com o propósito de agregar empresas comprometidas com as questões relacionadas ao aquecimento global. Essas empresas estão, em sua maioria, associadas à indústria e seus diversos setores.
Investimentos ESG (Análise):
Como vimos acima, o investimento em ESG é uma forma de incentivar as empresas a mudarem suas posturas em relação a questões ambientais, sociais e de governança. Para isso, existem algumas opções de investimentos, são elas:
ETFs: Uma das formas de investir em ESG consiste em fundos negociados em bolsa (ETFs). Os ETFs são veículos de investimento que rastreiam um índice ou cesta de ativos sustentáveis.
Empresas ESG: Uma possibilidade de investir diretamente em empresas líderes do índice, adquirindo ações dessas organizações.
Uma sugestão comum de especialistas é direcionar os investimentos para ETFs, além da possibilidade de buscar os índices mencionados, assegurando que o capital seja investido de forma eficaz e contribua para causas significativas.
Vale ressaltar a relação entre o greenwashing e o ESG ao buscar o investimento em empresas sustentáveis, uma vez que o primeiro consiste em alegações falsas ou enganosas sobre seu desempenho ambiental. Ou seja, quando uma empresa busca uma melhor reputação entre stakeholders sem realmente realizar o trabalho de ser mais sustentável, o que pode prejudicar a credibilidade do índice ESG, tornando difícil para os investidores identificar quais empresas estão realmente comprometidas com práticas sustentáveis. Sendo importante, portanto, ter ciência do greenwashing ao avaliar um investimento.
Conclusão:
Em resumo, o investimento em ESG no Brasil está em ascensão, impulsionado pela crescente demanda dos investidores individuais por empresas sustentáveis. Apesar dos desafios, como a falta de treinamento formal e a exclusão de algumas empresas das carteiras, o cenário brasileiro oferece oportunidades significativas. Investir em ETFs e buscar índices como o ISE B3, o IGCT, o Índice S&P/B3 Brasil ESG e o ICO2 são recomendações para garantir investimentos eficientes e contribuir para causas relevantes. É importante estar ciente do greenwashing ao avaliar empresas sustentáveis e considerar o contexto e as informações financeiras ao tomar decisões de investimento, a fim de promover um futuro mais sustentável e alinhar o crescimento econômico com a responsabilidade social.
Fontes:
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