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Lula x Bolsonaro: qual o melhor cenário para a economia?

Em períodos próximos às eleições, a tensão sobre as decisões que serão tomadas pelos candidatos após serem eleitos toma conta do ambiente econômico brasileiro. Para 2022 a situação não é diferente e ainda é possível dizer que conta com o impacto negativo provocado pela pandemia, o que gera maiores desafios para o próximo mandato.

Logo após a notícia de que Lula poderia se candidatar às eleições de 2022, a bolsa brasileira apresentou queda de 3,98%, mantendo a sequência de perdas dos dias anteriores. A queda do Ibovespa, junto com a elevação no preço do dólar após a notícia sobre Lula foi reflexo da polarização que o fato provocou na eleição que está por vir, que tende a gerar um aumento no populismo e, consequentemente, nos gastos públicos. A decisão citada acima, fez com que o debate eleitoral fosse iniciado, de forma mais intensa, antes mesmo da chegada do ano das eleições, o que antecipa a volatilidade do mercado e as expectativas acerca do rumo que tomará a economia brasileira.


O cenário atual caminha da seguinte forma: PIB apresentando crescimento médio de 3,96% nos últimos 2 meses, inflação próxima de 10% no acumulado dos últimos 12 meses, preços das commodities exportadas pelo Brasil se elevando e beneficiando a economia brasileira e o risco-país em patamares mais elevados dos últimos 5 anos. Tendo como referência as condições mencionadas.


Para a maioria dos investidores, há riscos em ambos os cenários, visto que o maior medo é o excesso de medidas populistas como aumento de programas como auxílio emergencial, criação de novos programas e falta de controle sobre a contenção de gastos públicos, como já mencionado anteriormente. Essas atitudes dificultariam ainda mais a gestão dos cofres públicos brasileiros, fazendo com que a visão dos investidores externos sobre a economia do Brasil ficasse mais negativa e a relação desgastada, visto que o risco-país seria elevado e os investidores, com medo, seriam espantados.


A partir da análise das possíveis situações nos próximos 13 meses, alguns especialistas afirmam que o cenário polarizado dificulta a previsão do caminho que a economia irá tomar. Os principais argumentos são voltados para a forma como Bolsonaro irá reagir ao sentir sua reeleição ameaçada e, do outro lado, para a forma como Lula irá se portar, caso seja eleito. Desta forma, é possível dizer que as incertezas sobre as possíveis ações de cada um dos líderes políticos é o que está amedrontando os investidores.


Agora que já entendemos a dinâmica que as próximas eleições estão caminhando e a relação com a economia, vamos traçar alguns cenários de acordo com declarações de especialistas em economia e no mercado financeiro. Os posicionamentos tomados pelos especialistas foram pautados em 3 principais pontos: as possíveis ações de cada um dos candidatos no período pré-eleitoral e no início do próximo mandato; os prováveis ministros que serão escolhidos para compor os ministérios, com foco no ministério da economia e, por último, a visão que outros países terão do resultado das eleições, que também está relacionado com a manutenção, criação ou até mesmo finalização de relações comerciais e políticas com os demais países. Tratando-se do período pré-eleitoral até os primeiros meses do mandato, a opinião geral é que o que mais importa é quem conseguirá reaquecer o consumo e frear o crescimento da dívida pública. Para Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e para Evandro Buccini, diretor de renda fixa da gestora Rio Bravo, a posição de Lula será mais intervencionista, o que, de acordo com ambos, é mais arriscado para a economia. Por outro lado, para Roberto Attuch, CEO da plataforma Ohm Research, e para Alessandra Ribeiro, socio-diretora de macroeconomia da Tendências Consultoria, o candidato do PT vem numa linha mais mediadora e pacífica, em prol da boa relação com os empresários, a mídia e os bancos, buscando até uma associação com Luiza Trajano, da Magazine Luiza.

Passando para a análise com base nos ministérios e seus prováveis ministros, alguns analistas apostam na volta da união de Lula com Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no último mandato do representante do PT, outros acreditam que o mercado ainda aposta no cumprimento das medidas liberais propostas pelo time econômico de Bolsonaro, liderado por Paulo Guedes, com foco nas privatizações e enxugamento dos gastos públicos. Em ambos os lados existem especulações de ações econômicas durante o próximo mandato, entretanto, as opiniões ainda convergem para um cenário em que, independente do candidato eleito, os gastos públicos se elevarão devido ao excesso de medidas populistas.


Existe ainda quem enxergue pontos positivos até mesmo no aumento dos gastos públicos como reflexo do possível populismo em excesso, pois alguns ativos, principalmente os que são associados a empresas exportadoras de petróleo, celulose e frigoríficos, tendem a se manter blindadas e, aqueles ativos que são atrelados a empresas do setor de consumo, serão beneficiadas pela injeção de capital que tende a ocorrer entre o final do mandato atual e o início do próximo. Por outro lado, mesmo com alguns setores sendo beneficiados, o risco-país do Brasil, que já está em patamares alarmantes, tende a crescer com a elevação dos gastos públicos, o que provoca a subida dos juros futuros, aumenta a atratividade da renda fixa e reduz a atratividade da renda variável. No momento atual, de acordo com Alessandra, da Tendências, o mercado ainda prefere Bolsonaro devido às medidas apresentadas por Paulo Guedes no início do mandato, porém algumas atitudes desgastaram a relação, que está frágil devido ao cenário difícil e ao câmbio depreciado. Ainda segundo Alessandra, mesmo aquelas que ainda preferem Bolsonaro, passaram a acreditar que um possível governo de Lula seria mais próximo do governo de 2002 a 2006, o que traz boas lembranças, principalmente para os investidores estrangeiros, que ganharam muito dinheiro naquela época.


No final das contas, ainda é difícil definir o que seria melhor para a economia, visto que isso dependerá das atitudes que serão tomadas por Bolsonaro até 2022 e também dependerá das ações propostas por cada um dos candidatos para o próximo mandato. O fato é que com a polarização que está vigente desde as anulações das condenações de Lula, o mercado se estagnou devido às incertezas que foram geradas, fazendo com que o melhor cenário para o momento seja o qual as medidas populistas não tomem proporções exageradas e elevem ainda mais a dívida pública, ou seja, já que os estilos de governo, independente do candidato eleito, se manterão os mesmos dos últimos anos, visto que dificilmente a corrida eleitoral fugirá dos 2 principais candidatos, o ideal é que ao menos haja um controle financeiro de adequado e um controle fiscal que colabore para a redução dos gastos públicos nos próximos meses.




Autor: Alysson Aristides Silva Pereira | linkedin





Referências


[1] BOMFIM, Ricardo; YAZBEK, Priscila. Lula ou Bolsonaro: qual governo seria melhor para a economia? Especialistas respondem. Info Money, 2021. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/mercados/lula-ou-bolsonaro-qual-governo-seria-melhor-para-a-economia-especialistas-respondem/>. Acesso em: 29, Agosto de 2021


[2] LARGHI, Nathalia. Lula ou Bolsonaro? O que a bolsa prefere? E como ficam as ações? Entenda!. Valor Investe, 2021. Disponível em: <https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/bolsas-e-indices/noticia/2021/03/09/lula-ou-bolsonaro-o-que-a-bolsa-prefere-e-como-ficam-as-acoes-entenda.ghtml>. Acesso em: 15, Agosto de 2021


[3] PINTO, Paulo Silva. Disputa de Lula e Bolsonaro tende a mirar mais economia do que pandemia. Poder 360, 2021. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/analise/disputa-de-lula-e-bolsonaro-tende-a-mirar-mais-economia-do-que-pandemia/>. Acesso em: 12, Setembro de 2021.



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