O termo ESG (Environmental, Social and Governance corporate) tem fomentado uma importante resposta das organizações na inclusão de temas que garantam sua sustentabilidade de forma a contribuir conjuntamente com o planeta e com as pessoas quanto à preocupação com seus valores éticos para geração de valor em mais campos que apenas o financeiro. É uma maneira responsável de comprometimento com seu mercado atuante, desde seus consumidores, fornecedores, até seus investidores.
As discussões sobre esse tema têm sido cada vez mais comuns em conselhos de administração das empresas, tendo um impacto significativo nas tomadas de decisões de investidores por todo o mundo. Porém foi só em 2004 que o termo foi mencionado, por um artigo intitulado “Who Cares Wins”, na qual tinha como ideia principal, mostrar que empresas engajadas com causas sociais, ambientais e com boa governança corporativa, teriam melhores resultados. Anos depois, o termo voltou a ser pauta com o surgimento dos green bonds, títulos emitidos para captação de recursos em promoção à melhoria ambiental.
ESG pode ser entendido como um conjunto de boas práticas que visam definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada. Na qual, os três pilares bases (meio ambiente, social e governança) são utilizados como critérios para entender a sustentabilidade empresarial, ampliando a perspectiva de análise do negócio para além das métricas financeiras, e, mensurando se a empresa possui a compreensão da influência que ela exerce por meio dos seus negócios. Assim, pode se validar se o investimento é uma opção realmente viável e sustentável, capaz de gerar impactos positivos financeiros, sociais e ambientais.
Cada setor empresarial vai ter um contexto ESG diferente, sendo portanto, necessário entender mais profundamente seus pilares para sua aplicação em específico, correlacionando os pilares de forma a se relacionarem ao ponto que a cooperatividade seja cumprida. De forma geral, é apresentado um modelo abaixo que ilustra essa relação.
Cenários de Investimentos ESG
Hoje, os critérios ESG são praticamente imprescindíveis no mercado e avançam globalmente no mundo dos investimentos. Como exemplo, segundo um estudo da consultoria PwC, multinacional norte-americana presente em 155 países, critérios ESG não só são considerados por 76% dos investidores em venture capital (VC) entrevistados, como 37% deles chegaram a relatar terem desistido de investimentos por causa da falta de preocupações com esses parâmetros por um companhia.
Podemos perceber um maior engajamento dos investidores e importantes fundos de gestão globais cobrando um posicionamento mais concreto em relação às diversas temáticas de ESG. Entre elas, alguns exemplos:
Diversidade;
Inclusão e equidade;
Plano de previdência;
Gestão de resíduos;
Política de desmatamento;
O uso de fontes de energia renováveis pela empresa;
Mudanças climáticas;
Governança, ética e integridade nas relações;
Transparência financeira e contábil;
Relatórios financeiros completos e honestos;
Remuneração dos acionistas;
Integridade e práticas anticorrupção;
Gestão de riscos;
Qualidade de vida dos colaboradores em tempos de pandemia.
A incorporação desses critérios pelo mercado financeiro aumenta o leque de opções aos investidores que desejam construir suas carteiras de investimentos, visando melhorar a exploração de oportunidades que a sustentabilidade tem criado através de valores sociais, ambientais e políticos com a missão de tornar os negócios mais impactantes em diversas áreas.
No Brasil, o ESG mesmo que ainda atrasado quanto na Europa, o cenário é positivo e o tema cada vez mais ganha atenção entre os gestores de ativos brasileiros. Há uma demanda no mercado por aplicações mais responsáveis que vem servindo como estímulo para o aprimoramento e desenvolvimento de boas práticas no mercado. Com isso, é possível desenhar um cenário com perspectivas positivas para o ambiente de negócios brasileiros, à medida que o tema vá se desenvolvendo nos mais diversos segmentos da economia. Ademais, de acordo com um estudo realizado pela consultoria Deloitte e pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, três em cada quatro empresas listadas em bolsa pretendem investir mais em ESG em 2022.
Com essa ascensão, o mercado passou a desenvolver alguns índices que filtram as organizações que realmente colocam esses critérios em prática. Na B3, existem alguns índices que buscam efetivamente reunir empresas que aplicam boas práticas e políticas de sustentabilidade, além de se posicionarem sobre questões sociais e que também investem em melhores ações de governança corporativa. Dentre os diversos índices, alguns destaques são:
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3): O ISE B3 é uma das iniciativas pioneiras na América Latina e um dos primeiros índices criados no mundo para a perspectiva da sustentabilidade.
Índice de Governança Corporativa (IGCT): O IGCT tem como objetivo reunir empresas mais engajadas com o pilar de governança corporativa.
Índice S&P/B3 Brasil ESG: o Índice S&P/B3 Brasil ESG reúne empresas que fazem parte do S&P Brazil BMI (Broad Market Index).
Índice Carbono Eficiente (ICO2): As empresas presentes no Índice Carbono Eficiente fazem parte do IBrX-50, um conjunto de organizações comprometidas com a redução da emissão de gases estufa na atmosfera.
Os investidores estão buscando construir novas carteiras de investimentos visando explorar as oportunidades que a sustentabilidade tem gerado, mitigando os riscos advindos da volatilidade econômica, política e social. Busca-se, portanto, fomentar uma cultura corporativa com propósito, que priorize seus stakeholders, seus consumidores, o mercado no qual atua, os colaboradores que fazem sua operação acontecer e a comunidade em que estão inseridos. Mais do que nunca, o ESG se torna essencial para o mercado financeiro.
Autor: Gustavo Cassim | linkedin
Referências
[1] http://esginsights.com.br/esg
[2] https://www.spglobal.com/ratings/en/products-benefits/products/esg-evaluation
[3] https://www.totvs.com/blog/business-perfomance/esg/
[4] https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/audit/articles/pesquisa-ibri.html
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