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  • LMF São Carlos

Explicaê 3.10 - Luiz Barsi Filho


Maior investidor pessoa física da bolsa aproveita dia de pânico no mercado para comprar ações

Vendo a histeria do mercado como oportunidade, o mega investidor Luiz Barsi contou que voltou a comprar ações ONs da Vale; a ordem saiu perto dos R$ 25,00 - bem próximo à mínima atingida 18 de maio

SÃO PAULO - Enquanto muitos corriam para zerar suas posições e sair do mercado após “bomba” atingir o governo de Michel Temer no dia 18 de maio, um grande investidor brasileiro aproveitou para comprar ações.

Luiz Barsi, o maior investidor pessoa física do BM&FBovespa, contou que viu na histeria do mercado uma oportunidade para comprar ações que considerava boas a um preço barato. Uma dessas apostas foi a ação ON da Vale (VALE3), que já teve um peso relevante na sua carteira (no ano passado, ele viu o ativo subir mais de 150% em seu portfólio), mas que já não parecia tão “atrativa”.

Em meio à derrocada do mercado já na abertura, Barsi colocou uma ordem de compra no ativo bem perto dos R$ 25,00 - mínima do dia. Só para lembrar, as ações ONs da Vale abriram em queda de 7%, mas fecharam praticamente estáveis (+0,07%), a R$ 26,86, como demonstrado no gráfico a seguir.


“O dia foi excelente para comprar boas ações, cujo horizonte indica melhora. Eu já deixei de optar pela Vale, mas com os projetos que estão por vir, e a um preço de R$25,00 acho que foi um bom negócio. Voltei a comprar as ações”, disse o megainvestidor em conversa com Tiago Reis, fundador da Suno Research. O bate-papo foi transmitido ao vivo pela página no Facebook da casa de research.

Além da Vale, ele contou que viu com bons olhos, em meio à forte queda, as ações da BB Seguridade (BBSE3) e CSN (CSNA3). Esses papéis caíram 10,22% e 13,90%, mas atingiram nas mínimas dos dias desvalorizações de 15,37% e 14,84$, respectivamente.

Nos primeiros minutos da conversa, Reis, que vinha reticente com a alta do mercado brasileiro, comentou um dos famosos pensamentos de Warren Buffett, considerado o oráculo de Omaha: “Você deve ser ganancioso quando os outros estão com medo e ter medo quando estão gananciosos”.

Embora muita incerteza ainda paire no mercado, muitos ativos conseguiram se distanciar das mínimas do dia - atingidas em sua maioria - nos primeiros minutos de negociação da bolsa na fatídica quinta-feira. Uma das recuperações mais significativas foi da ação da Cemig, que desabou 41,66% na abertura da sessão, mas fechou em queda de 20,43%, a R$ 7,01. A grande questão é quem teve estômago para colocar uma ordem de compra em meio a todo aquele pânico.

Contextualização

Luiz Barsi Filho é um dos maiores investidores pessoa física Bovespa, com um dos CPFs mais antigos da Bovespa, uma fortuna em Bolsa de mais de R$ 1 bilhão e considerado um Warren Buffett brasileiro. Formado em estrutura e análise de balanços, economia e direito, é hoje um consultor econômico financeiro independente. Além de membro do conselho regional de economia - SP (Corecon-SP), presidente do conselho de administração da Eternit e membro do conselho administrativo da Unipar/Carbocloro - empresas de capital aberto e líderes nos seus segmentos de negócios. Trabalha desde os 9 anos de idade, foi editor de economia e mercado de capitais do jornal diário popular entre 1970 e 1988 e editor de mercado da revista marketing entre 1989 e 1992. Filho de imigrantes vindo de origem humilde, hoje, com 78 anos, prossegue acompanhando o mercado de ações diariamente.

Conhecido como um investidor relevante e cativo no mercado de ações, cujo perfil geralmente retratado como seu “DNA” sendo o de carteira de dividendos. Iniciou seu projeto previdenciário quando jovem e sem muitos recursos, como a maioria dos brasileiros. Entretanto, sabia desde então que para se aplicar em ações era necessário investir sentimentalizando a parceria nos negócios, além de muita disciplina e paciência. Características, estas, fundamentais para todos que desejam ter sucesso nas ações, assim como aqueles que pretendam formar um portfólio previdenciário.

Sua primeira meta e conquista, na década de 1970, foi possuir 100 mil ações da Cesp (Companhia energética de São Paulo). Na época cotada a R$ 0,50 por ação e pagando o dividendo mínimo, prioritário e obrigatório de 10% sobre o valor nominal de R$ 1,00 e os distribuindo semestralmente. O valor da meta correspondia a 5 mil dólares. Uma meta modesta, porém possível de ser alcançada. Após essa conquista, outras metas foram sendo estabelecidas e contempladas e, a maneira que adquiria mais ações para integrar a carteira, os valores se multiplicavam em uma proporção superior à expectativa.

Após 10 anos de disciplina, paciência e perseverança já acumulava investimentos capazes de suportar uma renda mensal superior às proporcionadas pela aposentadoria compulsória. Percebeu a necessidade de montar a própria aposentadoria e viu, no mercado de ações, essa alternativa. Assim, elaborou um trabalho chamado “Ações Garantem o Futuro”, sobre as características das empresas que eram bons investimentos. Dessa forma, a disciplina para poupar e investir cada vez mais em ações que distribuem bons dividendos foi fundamental para suplantar todas as suas metas. Desde seu início na bolsa, Barsi sempre adotou uma estratégia focada em montar uma “Carteira de Previdência”, ou seja, comprar ações de empresas sólidas, com bom histórico de pagamento de dividendos e, de preferência, a um preço atrativo. Desse modo, enuncia duas qualidades fundamentais: “paciência e disciplina”.

De acordo com o investidor, paciência é tão importante quanto disciplina. Construir um patrimônio é um processo lento e gradual. Não existem atalhos. As maiores fortunas no segmento acionário em todo mundo foram acumuladas por décadas de poupança e investimentos, além do reinvestimento dos ganhos. Apenas os investidores conscientes são capazes de esperar tanto tempo para serem recompensados. Ademais, Barsi enuncia 3 regras básicas para ganhar dinheiro na bola: i) nunca coloque em bolsa o dinheiro que você pode usar por necessidade; ii) compre empresas bem fundamentadas, nunca compre uma dica; iii) nunca venda por necessidade. O megainvestidor deixa um legado hoje que existem muitas informações, mas que é necessário a conscientização de que o cidadão precisa criar uma renda mensal futura e que há um caminho para alcançá-la na bolsa.

Para Barsi, o investimento não é em ações e sim em projetos empresariais com perspectivas de serem bem sucedidos, e as ações são apenas uma forma de participar desses projetos. Além disso, investidores que buscam a bolsa como uma forma rápida de enriquecer são seduzidos a colocar seus recursos em aplicações muito arriscadas, como derivativos e opções, e, dessa forma, caem nessa armadilha. Fatalmente, perdem seus recursos.

Quando perguntado o porquê de investir em ações, sua resposta é que não queria depender do sistema previdenciário brasileiro e que, ao analisar diversos investimentos, concluiu que, historicamente, as ações reúnem condições melhores de acumular patrimônio e gerar a renda mensal desejada. Dessa forma, reuniu ações suficientes para garantir uma renda mensal que, atualmente, ultrapassa - e muito - seu custo de vida.

Como forma de sustentar seu argumento, Barsi afirma que desde de 2008, quando ocorreu a crise nos EUA, o mercado de ações foi alvo de uma pressão vendedora sem precedentes, causando baixas expressivas na cotação das ações. Esse efeito vendedor acabou gerando oportunidades incríveis. Por exemplo, as ações do Banco do Brasil, que baixaram para cerca de R$ 11,00 e hoje estão a R$ 31,90. Esse fato ocorreu depois de diversas e acentuadas baixas e recuperações que foram reposicionando os preços até os níveis atuais. Isso é inerente um mercado de renda oscilante, que tem origem em acontecimentos sócio econômicos.

Um país forte se faz com um mercado de capitais forte. E um mercado de capitais forte se faz com um número crescente de investidores. Quanto mais investidores o Brasil tiver, maior será a poupança interna e essa poupança poderá prover recursos para um Brasil melhor. O mercado de capitais financia projetos de infraestrutura, financia rede de escolas e faculdades, financia o banco que vai financiar o pequeno empresário.

Investimentos recentes de Luiz Barsi que renderam ótimos resultados

Os casos mais notórios como enunciados na notícia, foram as compras bem sucedidas de ações da Vale e Banco do Brasil. Barsi começou a comprá-las em momentos distintos na Bovespa em 2016, mas renderam de 100% a 150% até o fim do ano passado. Ao longo de 2016, Luiz Barsi comprou e recomendou a seus clientes ações da Vale e Banco do Brasil. Hoje já não compra mais nenhuma dessas ações. “Uma nova oportunidade melhor surgiu na Bolsa”. Entretanto, na fatídica quinta-feira, com a queda das ações da Vale (VALE3), viu uma nova oportunidade de investir nessas ações que não considerava mais tão oportunas.

O processo que o investidor segue ao longo dos anos é a busca por empresas que sejam grandes pagadoras de dividendos, e o reinvestimento desses na compra de novas ações. Conforme o papel for se valorizando, o investidor vai em busca de uma nova oportunidade na Bolsa, mas sem necessariamente vender a ação que comprava antes.

Banco do Brasil

O racional por trás deste investimento eram os volumosos dividendos que o Banco do Brasil pagava aos seus acionistas, na casa de 15% ao ano - patamar bastante elevado. Curiosamente, no início de 2016, o Banco anunciou que cortaria os dividendos que pagaria no futuro. Diversos investidores viram esse movimento como positivo, pois com os dividendos retidos fortaleceriam o balanço do Banco em um momento de incertezas econômicas. Além disso, nos meses seguintes, o impeachment passou no Congresso e o governo passou a trabalhar para que a imagem sobre a governança do Banco fosse fortalecida. Como consequência, as ações mais do que dobraram. A compra de ações do Banco do Brasil foram paralisadas pelo investidor e os recursos dos dividendos da carteira foram direcionados a outra nova oportunidade, mas sem vender as ações do Banco.

Mineradora Vale

No caso da Vale, novamente, o pagamento de dividendos foi um fator importante na decisão. Nos oito anos anteriores, a Vale havia pagado aos seus acionistas cerca de R$ 13,00 em dividendos. As ações da Vale negociavam entre R$ 10,00 e R$ 12,00. Além disso, a mineradora está ampliando sua produção de minério de ferro em Carajás, um projeto muito competitivo e com uma ótima qualidade do minério, que deve ampliar a capacidade de gerar lucros para a empresa. Atualmente, as ações da Vale estão sendo negociadas a R$ 35,67 - fechamento na última sexta-feira 01 de setembro. Quem comprou em abril de 2016 quase triplicou seu capital.

Obviamente, esses foram casos de sucesso muito forte. Não é comum ter rentabilidade elevada em pouco tempo. Ademais, o ano de 2016 foi um ano muito bom para investimentos em bolsa, nem todos os anos são assim mas, mesmo assim, as ações enunciadas valorizaram-se acima da média do mercado.


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