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Value Investing

O Value Investing (ou Investimento em Valor) pode ser compreendido como uma filosofia de investimento na qual se entende que o investidor deve investir em ações de empresas que estão sendo negociadas com um preço abaixo do seu verdadeiro valor.

A filosofia de Value Investing foi desenvolvida pelo economista Benjamin Graham, economista e considerado um dos maiores investidores de todos os tempos, foi um respeitado professor na Faculdade de Columbia além de ter tido sucesso na gestão da sua empresa de investimentos Graham-Newman com a aplicação de seus aprendizados e filosofia. Além disso, Graham, “o pai do Value Investing”, influenciou uma grande quantidade de Value Investors (Investidores em Valor) de muito sucesso, tendo ministrado aulas e sido mentor de Warren Buffett (um dos maiores investidores de todos os tempos).





O que é o Value Investing? (Investimento em Valor)


Conforme mencionado, podemos entender o Value Investing como uma filosofia de investimento que parte da análise dos ativos com base em seus fundamentos para se estimar o seu valor intrínseco com uma precisão razoável e realizar o investimento no ativo caso ele esteja sendo negociado a um preço abaixo do seu valor fundamental (valor intrínseco estimado) e também desde que haja uma margem de segurança aceitável pelo investidor.



No que o Value Investing se apoia? Quais são as características do mercado financeiro que permitem a aplicação e o sucesso dessa filosofia?


Bom, basicamente podemos considerar 3 características-chave na qual o Value Investing se apoia:

  1. Os preços dos ativos financeiros estão sujeitos a movimentações significativas a qualquer momento (os investidores em geral do mercado financeiro estão sujeitos às mudanças de “humor” imprevisíveis e acabam tomando decisões que afetam os preços de forma inesperada).

  2. Muitos ativos financeiros apresentam valores econômicos de acordo com seus fundamentos que são relativamente estáveis e possíveis de medir com razoável precisão. É aqui que identificamos a diferença entre preço e valor!

  3. A estratégia de comprar ativos somente quando os preços negociados estão significativamente abaixo do valor intrínseco do negócio calculado produz retornos superiores no longo prazo. E é a partir desse ponto que podemos de fato entender a importância da margem de segurança!



Como podemos definir a tão falada margem de segurança então?


A margem de segurança é utilizada pelos Value Investors (Investidores em Valor) como forma de proteção contra prejuízos que podem ocorrer com o investimento nos ativos.

Dessa forma, a margem de segurança pode ser entendida como um desconto (diferença em porcentagem) no preço da ação analisada comparada ao valor fundamentalista (valor intrínseco com base nos negócios da empresa) que o investidor estimou. Dessa forma, quando são comprados ativos com preços suficientemente abaixo do valor intrínseco deles você está obtendo uma margem de segurança que permite que aconteçam erros humanos, azar e volatilidade extrema em um mundo que muda rapidamente e de forma imprevisível sem que grandes prejuízos ocorram para o investidor.



Exemplos de margem de segurança por 2 dos maiores investidores:


Graham disse que um ativo ou negócio que vale 1 dólar hoje pode valer $0,75 ou $1,25 no futuro e além disso, ele mesmo poderia ter errado o valor estimado de hoje. Logo, Graham não tem interesse nenhum em comprar esse ativo nem por 1 dólar ou mais que isso. Na verdade, Graham só compraria o ativo com um desconto relevante do valor intrínseco estimado.

Buffett mencionou também a margem de segurança em termos de tolerância: “Quando você constrói uma ponte, você insiste que ela pode aguentar 30.000 libras, mas você apenas recebe 10.000 libras em caminhões por ela. E o mesmo princípio funciona nos investimentos”.



A visão de risco pelos Value Investors


De forma geral, muitos consideram que risco e retorno são sempre positivamente correlacionados: quanto maior o risco, maior o retorno. Os Value Investors não pensam dessa forma, o risco por si só não pode gerar mais retorno, apenas o preço pode atingir isso. Além disso, muitos erroneamente consideram a volatilidade dos preços como medida de risco, ignorando o risco de realização de investimentos a partir de preços elevados e em negócios mal geridos.

Podemos utilizar a explicação de Warren Buffett nos ajuda a entender melhor esse conceito:

“Se você compra uma nota de dólar por 60 centavos, isso é mais arriscado do que comprar por 40 centavos, mas a expectativa de recompensa é maior no último caso. Quanto maior o potencial para recompensa no portfólio de valor, menos risco existe”.

Outro exemplo: “A empresa Washington Post estava sendo vendida em 1973 por $80 milhões no mercado. Naquele dia, você poderia vender seus ativos para qualquer um de 10 compradores por pelo menos $400 milhões, provavelmente até por mais. A companhia possui vários jornais e estações de televisão em grandes mercados.

Agora, se o preço da ação tivesse caído ainda mais para um preço que deixava a empresa com um valor de mercado de $40 milhões ao invés de $80 milhões, de acordo com a visão mais comum de risco, seu preço mais barato teria feito a ação parecer mais arriscada. Isso é realmente a Alice no País das Maravilhas. Eu nunca fui capaz de entender porque é mais arriscado comprar $400 milhões em propriedades por $40 milhões do que $80 milhões.”

De acordo com a filosofia do Value Investing, podemos entender que o risco de um investimento é descrito tanto pela probabilidade e potencial quantia de prejuízo que ele pode proporcionar. A partir disso, pode-se entender o risco como algo dependente tanto do preço de mercado do ativo quanto da natureza do investimento. Como é muito difícil de ser calculado de fato, o que os investidores em valor podem fazer para se proteger é: diversificar de forma adequada e investir com uma margem de segurança (capaz de suavizar os prejuízos quando as coisas dão errado).



Para concluir a reflexão sobre risco e proteção contra o mesmo, há uma frase que explica de forma direta a visão de risco por Warren Buffett: “Risco vem de não saber o que você está fazendo”.


Quais dificuldades e considerações devem ser feitas quando se adota essa filosofia?

  • Um(a) value investor deve estar ciente dos limites de sua competência. A maioria deles são especialistas em setores particulares ou em circunstâncias especiais. Você não deve investir em negócios que não podem ser entendidos facilmente ou que são excessivamente arriscados.

  • Nem toda ação que parece uma barganha (preço muito abaixo do valor) realmente vale mais que o seu preço.

  • O investimento em valor requer paciência. Mesmo que você realmente saiba o valor intrínseco, geralmente leva mais tempo para o resto dos investidores enxergarem isso.

  • Às vezes você pode analisar de forma profunda diversos investimentos e não encontrar um único atrativo suficientemente, por isso, é necessário disciplina e persistência. Nesses casos, a melhor coisa a se fazer é esperar por uma boa oportunidade (e elas aparecerão).

  • Em relação à disciplina, um dos grandes desafios do Value Investing é ficar separado da multidão de investidores, desafiando o senso comum e sabedoria convencional e se opondo às tendências de investimento do período. Dessa forma, é importante ter consciência que o investimento em valor pode ser uma atividade praticada de forma solitária muitas vezes.

Caso você queira entender mais sobre a filosofia do Value Investing (Investimento em valor) aqui vão algumas recomendações de livros:

  1. O Investidor Inteligente de Benjamin Graham

  2. Value Investing from Graham to Buffett and Beyond de Bruce Greenwald

  3. Margin of Safety de Seth Klarman

  4. O Mais Importante para o Investidor de Howard Marks


Fontes: Exame, Suno Research, Vintage Value Investing, Value Investing from Graham to Buffett and Beyond e Margin of Safety


Autor: Vinícius Santos de Oliveira | LinkedIn

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