Você já ouviu falar da Demonstração do Resultado do Exercício? Também conhecida como Income Statement ou P&L, a DRE nada mais é do que um resumo do resultado operacional e não operacional de uma empresa. Esse demonstrativo financeiro normalmente é realizado trimestralmente, mas pode variar dependendo do caso.
Além disso, é importante destacar que o regime de competência é utilizado na DRE, ou seja, o lançamento das receitas e dos custos é realizado no momento que são consumados e não na saída ou entrada de capital na visão caixa.
A DRE é importantíssima para o entendimento da situação global da empresa olhando principalmente para evolução das entradas e saídas ao longo do tempo, podendo indicar a rentabilidade ou prejuízo da empresa.
Com o conceito devidamente apresentado, vamos conhecer um pouco mais sobre cada uma das linhas desse demonstrativo?
A estrutura da DRE pode ser resumida em:
Bora entender todas as linhas?
1) Net Revenue (Receita líquida)
Antes de falarmos sobre a receita líquida é necessário entender como podemos encontrá-la. Essa linha pode ser descrita como receita bruta menos o abatimento de impostos que incidem diretamente na venda como ICMS e ISS, cancelamentos e devoluções. Ou seja, todos os ganhos diretamente relacionados à operação da empresa devem ser contabilizados nessa linha. Por exemplo, um investimento em renda fixa feita com o dinheiro em caixa de uma empresa que possui um market place não seria reconhecido nesse momento.
É importante ressaltar que o reconhecimento da receita se dá no momento da venda e não da entrada de dinheiro.
2) COGS (Custo do produto vendido)
O COGS ou “Cost of goods sold” são os custos operacionais de uma empresa, ou seja, diretamente relacionados a produção da receita bruta. No caso de indústrias por exemplo podemos dizer que o COGS é a soma dos gastos com produção, matéria-prima, armazenamento, equipamentos, pessoal que trabalha na produção e transporte. No caso de uma varejista temos o custo do produto comprado dos fornecedores e o frete.
Aqui existem duas maneiras de lançar os custos. A primeira delas é conhecida como “Accrual accounting”. Esse método é baseado em reconhecer o custo no momento da venda do produto fabricado, e não quando ele de fato acontece visando diminuir as diferenças mensais entre custos e receitas.
Um bom exemplo para isso é uma empresa que fabrica aviões. Nesse caso, em um mês em que houve a compras dos materiais o custo ficaria inflado e a receita ficaria baixa. Em um mês em que houve a venda, a receita ficaria inflada e os custos baixos. Para que isso não aconteça, o “Accrual accounting” é utilizado pensando no “match principle”.
Já o segundo método se chama “Cash accounting” e é basicamente o lançamento do custo quando ele ocorre.
3) Gross Profit (Lucro bruto)
Aqui é simples. Precisamos apenas fazer uma subtração entre as receitas e os custos diretamente ligados ao propósito da empresa.
4) SG&A (despesas de vendas, administração e gerais)
A sigla “SG&A” é uma abreviação do termo “Selling, General & Administrative”. Como o nome já diz, aqui entram todos as despesas relacionadas à venda dos produtos e administração da empresa, ou seja, as despesas operacionais que não entram no COGS.
Para uma empresa de crédito por exemplo, entram despesas relacionados a aquisição de clientes, pós-venda, gestão da empresa, entre outros.
5) R&D
Essa linha se refere à gastos relacionados a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, ou do inglês “Research and Development”. É importante ressaltar que nem todas as empresas apresentam gastos expressivos com pesquisa e desenvolvimento e, portanto, não utilizam essa linha em sua DRE
6) Operating Profit (Lucro Operacional)
O Lucro operacional é um importante indicador de lucratividade das empresas pois considera apenas as receitas e custos da operação, mostrando se ela é ou não lucrativa. Por exemplo, se olharmos para um negócio que apresenta lucro líquido negativo, não podemos dizer que ele não é lucrativo. Existem despesas financeiras não relacionadas à operação da empresa que podem afetar esse número.
Nessa linha temos a subtração entre lucro brutos e gastos operacionais que não entram na linha de COGS.
7) Depreciação
A depreciação nada mais é do que a desvalorização de ativos imobilizados ao longo do tempo. Vamos supor que a empresa compre uma máquina no ano zero que vai durar e fabricar produtos ao longo de 10 anos. Porém, se incluirmos esse gasto no ano da compra, teremos um resultado negativo no primeiro ano e nenhum gasto ao longo do tempo, dificultando a visibilidade desse demonstrativo. E para isso, a depreciação é utilizada. Ou seja, em vez de lançarmos tudo no ano zero, dividimos o valor por 10 e vamos incluindo ao longo do tempo de vida útil desse ativo.
Esse valor pode ser calculado por:
A depreciação é uma “gasto não caixa”, ou seja, não pagamos um boleto de depreciação mensal nas nossas empresas.
8) Amortização
Assim como a depreciação, a amortização é uma maneira de, nesse caso, dividir na vida útil de um ativo intangível, o custo relacionado a ele. Pense em uma empresa que apresenta um gasto com patentes de 10 anos. Esse custo entrando no primeiro mês afetaria a visualização correta dos resultados e, portanto, o gasto é dividido na vida útil da utilização desse ativo intangível.
9) Non-Operating Income/Expenses
Aqui serão lançados as receitas e despesas não operacionais como a receita de investimentos entre outros.
10) EBIT
O EBIT vem da sigla em inglês “Earnings Before Interest and Taxes” e representa os ganhos da empresa antes de serem lançados os tributos e taxas. Ele é a subtração entre o lucro operacional e as linhas de depreciação, amortização e Non-Operating Income/Expenses.
11) Interest and tax
Aqui entram os impostos e juros pagos pela empresa.
12) Lucro Líquido
A última linha da nossa tão querida DRE é o lucro líquido que representa o resultado final da empresa no período em questão sendo a subtração do EBIT e dos juros e impostos pagos pela empresa.
Considerações finais:
É importante ressaltar que a DRE não deve ser utilizada sozinha quando analisamos uma empresa. Os relatórios de fluxo de caixa e balanço patrimonial podem ser utilizados junto à DRE para ter uma visão mais realista das operações do negócio. Além disso, não existe um único modelo de DRE.
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