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Inflação

O que é inflação?

A inflação indica o aumento generalizado ou contínuo dos preços de uma série de categorias de bens e serviços importantes no dia a dia das pessoas. Na economia, o conjunto dessas categorias é chamado de “cesta de produtos” e inclui: alimentação, habitação, vestuário, transporte, saúde, despesas pessoais, educação e comunicação. Ou seja: se a inflação em determinado mês for de 0,5%, isso significa que o aumento médio dos preços dessas categorias no período também foi de 0,5%. Esse aumento nos preços não é uniforme, dentro de cada categoria alguns itens podem sofrer aumentos maiores, enquanto outros podem não sofrer aumentos.

Para entendermos melhor como a inflação funciona e quais são suas causas, é de suma importância que a gente entenda a Lei da Oferta e da Demanda. Oferta e demanda são as duas forças que garantem o funcionamento de um mercado, determinando preços e a quantidade de produtos oferecidos. O termo oferta se refere à quantidade disponível de um produto, ou seja, aquela que as empresas querem ou podem vender. Já a demanda é a quantidade desse produto que os consumidores querem ou podem adquirir, ou seja, sua procura. Também chamada de lei da oferta e da procura, essa teoria diz que, se houver mais produtos do que interessados em os comprar, os preços tendem a cair. Por outro lado, se um produto estiver em falta, seu preço tende a aumentar.

Mas qual a relação entre a lei da oferta e da demanda com a inflação?

De forma geral, quando a quantidade demandada, de um produto ou serviço qualquer, é maior que a quantidade ofertada, os preços tendem a subir, o que é chamado de inflação.


As causas da inflação

Antes de discutirmos as principais causas da inflação, vale lembrar que o aumento dos preços e queda dos mesmos são movimentos cíclicos da economia, podendo ocorrer no curto ou no longo prazo. Além disso, movimentos inflacionários ou deflacionários normalmente são multifatoriais, ou seja, não possuem uma única causa, mas sim uma combinação delas.


No curto prazo:


Aumento da demanda e diminuição da oferta

Isso pode acontecer quando há maior disponibilidade de crédito: com maior poder de compra, as pessoas conseguem gastar mais (aumentando a demanda geral). Ou então em períodos de alta do dólar, produtores podem optar pela exportação de produtos ao invés de venderem para o mercado interno, o que causa uma diminuição da oferta.


Aumento dos custos de produção

A inflação também pode aparecer quando fica mais caro produzir um produto ou oferecer um serviço. Com custo maior, a produção de algum item pode ser menor, a oferta cai ou os preços aumentam. Existe inflação em ambos os casos.


No longo prazo:


Emissão de papel-moeda

Algumas ações do governo também podem fazer com que a inflação aumente. Por exemplo: quando os gastos são maiores do que os arrecadamentos, ou seja, quando um país está endividado, pode ser necessário a emissão de papel-moeda. Essa emissão faz com que o volume de dinheiro seja maior que a oferta de produtos e serviços. Consequentemente, os preços sobem.


Redução da taxa básica de juros

Quando o governo diminui a Selic, a taxa básica de juros da economia definida pelo Banco Central, os seus investimentos na poupança, em renda fixa e em títulos públicos passam a render menos. Além disso, os empréstimos no geral ficam mais baratos. Essa é uma forma de estimular o consumo e a produção. No longo prazo, isso gera um aumento de demanda e pode acarretar no aumento da inflação.


Os efeitos da inflação

Os impactos da inflação na economia funcionam como um efeito em cadeia. Em um primeiro momento, a inflação reduz o poder de compra da população em geral. Isso ocorre porque devido à alta nos preços, o mesmo salário passa a comprar uma cesta de produtos menor.

A queda no poder de compra gera uma redução geral no consumo. A redução do consumo também reduz a expectativa de vendas das empresas, dado que o mercado consumidor está sofrendo os efeitos negativos da economia. Dessa forma, após gerar uma queda no consumo, a inflação tende a gerar uma queda nos investimentos.

A queda no consumo e na taxa de investimento gerará impactos negativos no PIB do país em questão. Os principais componentes do PIB de um país são: consumo das famílias, investimento privado, gastos públicos e saldo da balança comercial. Com consumo e investimento sofrendo uma queda, provavelmente haverá uma queda no crescimento econômico.

Porém, um movimento inflacionário não representa apenas impactos negativos. A inflação, quando controlada, é um sinal de que a economia está aquecida e crescendo de forma saudável. Por isso é preciso ter inflação, e isso vale para todos os países.

O Brasil, inclusive, tem uma meta anual de inflação para dar segurança para a economia. Essa é uma forma de garantir que a economia brasileira continue em crescimento e os preços, controlados.

Ter um índice de inflação controlado também garante previsibilidade de longo prazo. Isso significa que investidores e empresários conseguem apostar e investir no país com maior tranquilidade, trazendo mais dinheiro para a economia e perspectivas para os próximos meses ou anos.

A inflação é ruim para a economia de um país quando não é controlada e quando atinge níveis muito altos, situação chamada de hiperinflação. Aí sim, ela é, e muito, prejudicial.


A relação da inflação com investimentos

Os rendimentos de investimentos financeiros também não são imunes aos efeitos da inflação. O rendimento real de um ativo deve ser calculado subtraindo do rendimento bruto a taxa de inflação, chegando ao rendimento líquido.


Rendimento real ou líquido = Rendimento bruto - Taxa de inflação


O rendimento líquido de um investimento é o que representa o aumento real no poder de compra do investidor.

Ao passo que a economia está vivendo um processo de alta inflação, os rendimentos reais se tornarão cada vez menores. Dessa forma, apesar dos ativos financeiros serem um bom mecanismo de defesa da inflação, os rendimentos derivados desses investimentos não estão imunes aos efeitos inflacionários.


As ferramentas de controle da inflação

Por mais que o governo não tenha total controle sobre a inflação, há diversas ferramentas usadas para tentar manipular a mesma. As principais políticas são:


Monetárias:

Taxa de Juros;

Open Market - Operações com títulos públicos no mercado aberto.

Com a venda de títulos públicos, o governo tem como objetivo contrair a quantidade de moeda em circulação no sistema bancário.


Fiscais:

Gastos públicos;

Tributos;

Transferência de renda.


Através de políticas monetárias e fiscais, o governo influencia no poder de compra da população e, consequentemente, na demanda agregada.


PRINCIPAIS ÍNDICES IPCA

O IPCA é a abreviação para Índice de Preços ao Consumidor Amplo e, atualmente, é considerado o indicador oficial da inflação no Brasil pelo Governo Federal. Portanto, ele serve de referência para as metas de inflação e para as alterações na taxa de juros. O cálculo desse índice de preços é realizado mês a mês pelo IBGE nas principais cidades do Brasil. Seu principal objetivo é refletir o custo de vida da população nessas regiões.

Em outros termos, podemos dizer que quando ocorre um aumento do IPCA, o custo de vida da população ficou mais caro. Por outro lado, o custo de vida torna-se mais barato quando verificamos uma redução na taxa do IPCA.

O IPCA engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos. O IBGE faz um levantamento mensal, em 13 áreas urbanas do País, de, aproximadamente, 430 mil preços em 30 mil locais. Todos esses preços são comparados com os preços do mês anterior, resultando num único valor que reflete a variação geral de preços ao consumidor no período.

Índice pessoal de inflação

Sua cesta de compras, ou seja, os produtos e serviços que você consome regularmente, pode ser bem diferente da cesta média da população brasileira. Com isso, o seu índice pessoal de inflação pode ser maior ou menor do que o IPCA.

Por exemplo, uma família que não consome carne vermelha e não tem filhos em idade escolar terá, com certeza, um índice de inflação pessoal diferente do oficial, cujo cálculo coloca peso considerável na variação do preço da carne e da mensalidade escolar.



INPC

INPC significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor e também é produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Seu trabalho é apresentar as variações de preços mensais sofridas pelos consumidores. O INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. No entanto, isto representa quase metade da população brasileira. Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte, etc.



Fonte: IBGE


IGP-M

O IGP-M é a sigla para Índice Geral de Preços de Mercado, sendo ele um dos índices utilizados para medir a inflação no país. Utilizado como indexador, ele é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

60% é composto pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA);

30% é composto pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC); 10% é composto pelo Índice Nacional de Custo de Construção (INCC)

IPA: mede a variação dos preços recebidos pelos produtores brasileiros na venda de seus produtos domesticamente. Então, nessa pesquisa de preços são considerados produtos em toda a cadeia de produção. Isto é, desde as matérias primas e bens intermediários até bens finais. IPC: busca avaliar a variação nos preços de uma cesta de bens e serviços adquiridos por famílias que recebem entre 1 e 33 salários mínimos mensais. INCC: basicamente mede a variação dos custos para construção de habitações. Ou seja, são incluídas as despesas com estrutura, instalações, acabamento, mão de obra e outros serviços. Além de servir como referência para a inflação aqui do Brasil, o IGP de mercado, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, ainda possui outros usos. Por exemplo, para reajustar contratos de aluguel e de luz. Além disso, o índice também serve como indexador de alguns investimentos. Portanto, o IGP-M pode ser utilizado como indexador de correções inflacionárias em diversos âmbitos da economia. Contudo, esse índice acabou sendo mais convencionado no setor imobiliário e de energia elétrica.

IGP DI: Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP). É medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. Composto por:

60% IPA-DI (Índice de Preços por Atacado - Disponibilidade Interna)

30% IPC-DI (Índice de Preços ao Consumidor - Disponibilidade Interna)

10% INCC-DI (Índice Nacional do Custo da Construção - Disponibilidade Interna)


O maior diferencial desse índice para os demais é que abrange toda a população, sem restrição de nível de renda. E é utilizado para reajustes de tarifas públicas, contratos de aluguel e planos e seguros de saúde (nos contratos mais antigos).


O aumento de preço do arroz, um exemplo atual

Essencial na mesa da família brasileira, o preço do arroz disparou nos supermercados brasileiros, este ano. Um pacote de cinco quilos, normalmente vendido a cerca de R$ 15, chegava a custar R$ 40.

Os supermercados são apenas a ponta da cadeia. O encarecimento do arroz vem das etapas anteriores. Assim como outros produtos da cesta básica, como óleo de soja e feijão, a alta do arroz está ligada à valorização do dólar, que torna as exportações mais lucrativas para os produtores.

Além disso, a safra de arroz neste ano caiu, ao mesmo tempo em que a procura no país pelo produto cresceu durante a pandemia do novo coronavírus. "Com o isolamento, as famílias passaram a consumir mais cereais, num ano de menor oferta, então o preço foi subindo", afirmou Ivo Mello, diretor do Instituto Rio-grandense do Arroz (IRGA).

O principal motivo da alta de preços do arroz é o dólar, de acordo com o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores. "Embora o dólar tenha mostrado alguma redução nas últimas semanas, a média ainda é muito alta em relação ao ano passado", disse. Isso faz com que muitos produtores prefiram exportar, ganhando em dólar, a vender arroz no mercado interno.

As exportações de arroz beneficiado saltaram 260% entre março e julho deste ano, para 300 mil toneladas. Para piorar, também houve redução de 59% nas importações do produto no período, para 48,3 mil toneladas. O resultado da balança comercial levou a uma menor oferta de arroz no mercado brasileiro.

Não foi só por causa do dólar que as exportações aumentaram. O arroz brasileiro também passou a ser mais buscado no mercado internacional durante a pandemia:

“A pandemia tirou o excedente de outros países produtores, como Índia, Tailândia e Vietnã, e houve um desabastecimento do mercado internacional. Esses países tiveram dificuldade ou pararam de vender seu produto no mercado externo, enquanto o Brasil exportou bastante entre maio e junho.” Ivo Mello.

A produção no Rio Grande do Sul, maior responsável pelo cultivo de arroz no Brasil, caiu 19%, de 9 milhões de toneladas no ano passado, para 7,3 milhões de toneladas em 2020. Segundo Mello, a área plantada caiu porque fazia cinco anos que o preço do arroz estava muito baixo. Por isso, os produtores optaram por outras culturas, como a soja.


Escrito por: Pedro Afonso Zanetti Gonçalves Fraga



Referências:


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