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LMF São Carlos

A alta e o declínio do grupo EBX, de Eike Batista

O início

De acordo com o nome do grupo, que leva as letras iniciais do nome do empresário e X como uma alusão ao símbolo da multiplicação, aplicada as riquezas geradas, se faz impossível começar a retrospectiva sem citar o brasileiro que mais alto chegou na lista Forbes, antes de um declínio vertiginoso.


Eike Batista [Forbes]

Eike Fuhrken Batista da Silva, filho do ex-ministro de Minas e Energia, Eliezer Batista, nasceu no Brasil e se mudou para a Europa durante a adolescência, chegou a cursar engenharia na Alemanha, mas um detalhe o chamou a atenção na Amazônia brasileira: a corrida do ouro. Eike então largou a faculdade e se mudou para o Brasil e começou a intermediar a compra e venda de ouro na região. Com o sucesso no comércio, criou sua primeira empresa aos 21 anos de idade para a exploração direta de minas de ouro amazônicas: Autram Aurem.

A empresa foi um sucesso a ponto do brasileiro se juntar a investidores estrangeiros e criar a TVX Gold, durante a década de 80, para a exploração de uma mina no Chile. A companhia foi listada na bolsa de valores do Canadá em 1991 e Eike teve seu primeiro contato com o mercado de capitais.

Em 1992, tenta a sorte no mercado automobilístico com a JPX para a produção de jipes para a sua indústria mineradora, porém não obteve sucesso, encerrando operações dez anos depois.

TVX entra em problemas financeiros, após anos de bom desempenho operacional, por conta de um projeto mal sucedido na Grécia e também pela queda no preço do ouro durante a década de 90, o que forçou os investidores a tirarem Eike do controle da mineradora, que por sua vez acabou vendendo sua participação e saiu das operações.


EBX


Empresas do grupo EBX [UOL]

Criação das principais empresas

O apagão elétrico de 2001 deu a Eike a oportunidade de entrar no setor de energia elétrica criando a MPX, para a construção de uma usina termelétrica no Ceará (TermoCeará) em parceria com a Petrobras. Em 2005, vendeu a participação de sucesso na usina para a petroleira e reestruturou as operações da MPX, que viria a ser listada na então Bovespa dois anos depois.

Paralelo a isso, cria a MMX para o setor de mineração e no primeiro ano consegue comercializar minas gerando caixa rapidamente ao grupo e na esteira dos bons negócios abre capital na bolsa em 2006 para turbinar ainda mais as operações da mineradora. Já em 2007 criou a OGX, com o intuito de entrar no setor de petróleo, trazendo executivos com know-how no setor, como Rodolfo Landim e Paulo Mendonça, ambos com passagem pela Petrobras, tornando a empresa como o carro-chefe da holding. No mesmo ano funda a LLX, no setor de logística para a construção do “Superporto do Açu”, empreendimento para ajudar no escoamento de produção da MMX, além de outros produtos. Em 2008, a OGX entrou na bolsa brasileira como a maior captação da história até então (6,7 bilhões de reais), apesar de ainda não ter começado a atividade de extração na época e previa produzir mais de 2 milhões de barris de petróleo por dia em 2019, nível que a Petrobras demorou mais de meio século a alcançar. Nada disso abalou os investidores ou Eike, que um ano depois criou a OSX para a construção de plataformas de petróleo e serviços navais, atendendo principalmente a demanda da petroleira do grupo.



Auge Pode-se considerar o período de 2010 a meados de 2012 como o auge da holding EBX e de Eike Batista. A expansão também contou com a criação de empresas menos conhecidas como a REX do setor imobiliário, CCX de carvão e AUX de ouro, ações do Burger King e até mesmo no setor do entretenimento com a IMX e participação no Rock in Rio, que somadas com as quatro companhias com capital aberto em bolsa (MPX, MMX e OGX e OSX) e a LLX renderam o ápice da carreira do empresário no começo de 2012 quando foi considerado o 7° homem mais rico do mundo com uma fortuna estimada de U$ 30 bilhões.


Declínio

Pouco tempo depois, descobriu-se que as reservas adquiridas pela petroleira (OGX) eram na ordem de 20% do estimado e que a operação seria menos lucrativa que o esperado. O mercado reagiu imediatamente e as ações desabaram. O impacto não ficou apenas na petroleira, que sem produzir, não comprou plataformas da OSX, impactando a empresa de construção que funcionava correlacionada. Isso se traduziu em perdas gigantescas para a EBX, tanto em termos financeiros quanto em credibilidade nos anos posteriores. O reflexo foi imediato, o patrimônio do empresário que era de U$ 30 bilhões se reduziu a U$ 10,6 bilhões em março de 2013.

Somado a isso, houve diminuição no caixa da LLX para o prosseguimento da obra do porto e na MPX (energia) para obras de infraestrutura. Com o problema de liquidez, a EBX recorreu ao BNDES, porém com a crise econômica brasileira e pressão pelos protestos de 2013, o banco público pouco pôde ajudar o Império de Eike, que até então se financiava tanto por capital próprio como, principalmente, por de terceiros com captação em oferta pública ou por dívidas.

A última alternativa, então, foi recorrer ao BTG Pactual, que entrou na operação e uma série de movimentos aconteceram com intuito de sanar as dívidas.

  • MPX (energia) vendida e passa a se chamar Eneva (ENEV3);

  • LLX (logística) comprada por fundo americano e troca o nome para Prumo;

  • OGX e OSX entram em recuperação judicial em outubro de 2013;

  • MMX se reorganiza em unidades menores e entra em recuperação judicial;

  • OGX passa a se chamar Dommo Energia (DMMO3).

A petroleira terminou seu processo de recuperação em 2017 e desde então vem apresentando resultados inconsistentes, variando entre trimestres positivos e negativos. Em 2020, a OSX saiu da recuperação judicial, porém conta com uma operação reduzida e com dívidas altas, em uma situação ainda delicada financeiramente, sem registrar lucros desde o 3° trimestre de 2016.


Condenações

Com a queda das ações, inúmeros processos contra a EBX foram deflagrados, o que acabou culminando com condenações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por manipulação de mercado, uso de informações privilegiadas, entre outras irregularidades. Com pagamento de multa e proibição de atuação de Eike em empresas de capital aberto por 7 anos.

Além disso, o empresário foi preso duas vezes, condenado em 2019 à prisão pela operação Lava-Jato por pagamento de propina a políticos e também condenado em outro processo por manipulação de mercado nas ações da OSX.



Autor: Gian Palhare | linkedin



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