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História da B3 e seus índices



O mercado financeiro, por definição, consiste em um ambiente em que ocorrem compra e venda de valores mobiliários (ações, opções e títulos), câmbio (moedas estrangeiras) e mercadorias (ouro, produtos agrícolas etc.). Nessas negociações existem diversas instituições e agente financeiros, que facilitam e promovem segurança a elas.


As transações no mercado financeiro podem ser realizadas, basicamente, por dois meios distintos, através da bolsa de valores e mercado de balcão. A principal função desses dois segmentos consiste em organizar, controlar e garantir ambientes ou sistemas propícios para o encontro das ofertas e a realização dos negócios. Graças a essas funções, a confiança dos investidores no mercado secundário é fomentada, impulsionando também o mercado primário dos ativos negociados, gerando maior liquidez para os mercados.


Atualmente, a empresa responsável pela infraestrutura da bolsa de valores e mercado de balcão no Brasil é a B3, a qual consiste em um monopólio nesse setor. Contudo, nem sempre esse foi o cenário do mercado de capitais brasileiro.


Em 23 de agosto de 1890 a primeira bolsa de valores brasileira foi fundada pelo então presidente Emílio Rangel Pestana, a Bolsa Livre. Porém, logo no ano seguinte a iniciativa foi frustrada, resultando no fechamento da Bolsa Livre. Apenas 4 anos depois, em 1895, a iniciativa paulista cria a Bolsa de Títulos de São Paulo. A partir de então, a cronologia da evolução da bolsa de valores no Brasil segue a série descrita pelos tópicos abaixo.


· 1934 – Transforma-se em Bolsa Oficial de Valores de São Paulo, entidade oficial corporativa vinculada à Secretaria de Finanças do Estado de São Paulo;

· 1967 – Deixa de ser oficial e passa a se chamar de Bovespa – Bolsa de Valores de São Paulo;

· 1984 – Fundação da Cetip com apoio do Banco Central;

· 1986 – Cria-se a BM&F – Bolsa Mercantil e de Futuros, com a Bovespa como instituidora;

· 1991 – Acordo entre a BM&F e a BMSP (Bolsa de Mercadorias de SP), que passam a se chamar BM&F;

· 1997 – Acordo entre a BM&F e a BBF – Bolsa Brasileira de Futuros, do Rio de Janeiro;

· 1999 – Unificação das operações de pregão com as demais bolsas de valores do país;

· 2007 – Desmutualização da Bovespa e da BM&F;

· 2008 – Integração das bolsas que passam a se chamar BM&FBOVESPA;

· 2017 – União dos negócios da BM&FBOVESPA e Cetip, criando a B3.



Para que de fato acontecesse a fusão entre BM&FBOVESPA e Cetip no ano de 2017, precisou-se da aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já que a operação iria afetar diretamente os processos de bolsa e balcão, e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Com a aprovação da fusão, criou-se a B3 – Brasil, Bolsa e Balcão, a qual passou a ser a 5ª maior bolsa de mercado de capitais e financeiro do mundo, com um patrimônio estimado de US$ 13 bilhões.


A B3 é uma empresa de capital aberto que negocia suas ações com o ticker B3SA3 na própria bolsa de valores brasileira que é justamente a B3. Atualmente, a ação negocia a um valor de R$ 56,13 e com uma alta de 133% na cotação desde 2018. Parte dessa ótima performance advém dos bons resultados que a empresa vem divulgando e a incrível escalada no número de CPFs cadastrados na bolsa brasileira que só vem aumentando, conforme o Gráfico 1.


Gráfico 1: CPFs cadastrados na Bolsa no período de 2002 a 2020

(#PraCegoVer: No intervalo entre os anos de 2016 e 2020, podemos ressaltar um crescimento de 424% do número de CPFs cadastrados, saindo de 564024 para 2958442 atualmente)



A própria B3 atribui essa maior participação das pessoas físicas na bolsa à queda da taxa SELIC que atualmente se encontra em 2% a.a. Ela acredita que isso tenha impulsionado os brasileiros, mesmo em tempos de crise, que antes tinham títulos de renda fixa a cadastrarem seus CPFs na bolsa em busca de uma maior rentabilidade.




Os índices


Os índices são alguns indicadores de desempenho de um conjunto de ativos listados em bolsa, mostrando o desempenho dos mesmo em algum espaço de tempo. Frequentemente, eles são calculados como uma ponderação do desempenho dos ativos que o compõe. Os índices cumprem três funções importantes no mercado de capitais que seguem:

➔ São indicadores de variação de preços de mercado;

➔ Servem como parâmetros para a avaliação de performance de portfólios como benchmark;

➔ São instrumentos de negociação para o mercado futuro.


Cada índice pode ser criado com um objetivo distinto. Alguns buscam fazer uma média do mercado, outros podem tentam replicar o desenvolvimento de um setor ou medir o desempenho de pequenas empresas listadas em bolsa. Alguns exemplos de índices seguem listados nos tópicos abaixo.


· Índices Amplos: Índice Bovespa (Ibovespa), Índice Brasil 50 (IBrX 50) e Índice Brasil 100 (IBrX 100);

· Índices Setoriais: Energia Elétrica (IEE) e Financeiro (IFNC);

· Índices de Sustentabilidade: Sustentabilidade Empresarial (ISE);

· Índices de Segmento: MidLarge Cap (MLCX), Small Cap (SMLL) e Dividendos (IDIV);

· Índices de Governança: Governança Corporativa Diferenciada (IGC);

· Outros Índices: Fundos de Investimento Imobiliários (IFIX).


Dentre os índices listados, os mais conhecidos e utilizados no dia a dia dos investidores são o IBrX 50, IFIX, SMLL e o mais importante o Ibovespa.




Índice Bovespa


O índice Bovespa, ou Ibovespa é considerado o índice mais importante para a bolsa de valores brasileira. Gerenciado pela B3, ele tem como objetivo medir o desempenho médio das ações com maior negociabilidade e representatividade do mercado.


Para o seu cálculo, é definida uma carteira teórica de ações, composta por ações de empresas que passam pelos critérios utilizados, que são:

➔ Liquidez;

➔ Volume de negociação;

➔ Participação do ativo no pregão dos últimos 12 meses;

➔ O papel deve estar sendo negociado a um valor superior a R$ 1,00.


Por se tratar de uma média ponderada, cada ativo tem um peso que compõe o índice, o qual é calculado a partir do valor de mercado de todas suas ações. Essa metodologia adotada não permite que um único ativo possua um peso superior à 20% para não desbalancear o índice. Essa carteira teórica é revisada quadrimestralmente, resultando em 3 carteiras durante o ano.

Os ativos que têm maior peso no Ibovespa seguem abaixo:


· Vale (VALE3) – Participação de 11%

· Itaú Unibanco (ITUB4) – Participação de 6,1%

· Petrobras (PETR4) – Participação de 5,5%

· B3 (B3SA3) – Participação de 5,3%

· Bradesco (BBDC4) – Participação de 4,7%


A partir dos pesos e das cotações das ações é possível calcular o valor do índice que no dia 18/09/2020 fechou o pregão em 98.289,71 pontos. Esses pontos representam o valor total do índice, valendo R$1,00 por ponto. Em outras palavras, o fechamento do dia 18 reflete um portfólio de R$98.289,71 que é o preço exato da carteira teórica contendo as ações mais líquidas listadas na B3.


Por fim, uma reflexão importante sobre o Ibovespa e os outros índices é que nem sempre eles representam fielmente a realidade e as oscilações do mercado. Isso acontece devido às possíveis distorções que ocorrem devido a disparidade de pesos dos ativos que compõem os índices. No caso do Ibovespa, se a VALE3 subir de forma expressiva e os outros ativos ficarem estáveis o índice irá subir, porém isso não é exatamente uma imagem do que de fato está ocorrendo no pregão.




Autor: Diego Fracasso (LMF - São Carlos - USP e UFSCar)

Data de publicação: 21/10/2020


Referências:

➔ CVM. Mercado de Valores Mobiliários Brasileiro. 4ª Edição. Rio de Janeiro

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