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  • LMF São Carlos

Explicaê 6.3 - Estamos vivendo a bolha das startups?

A Uber, além de se apresentar em um cenário macroeconômico incerto e desfavorável (frente à guerra comercial entre EUA e China e uma desaceleração da economia global), possui ainda alguns obstáculos que já previam de certa forma um resultado desfavorável de seu IPO.

A companhia, ao protocolar seu registro da possível maior oferta inicial de ações do ano, lista diversos fatores de risco para a operação de seu business, incluindo o enorme gasto com motoristas e entregadores, perdas de seu aplicativo de delivery de alimentos (Uber Eats), alta concorrência com diversos players no mercado global, além de possuir um modelo de negócio que ainda não se provou sustentável.

Ao seguir operando há um tempo com prejuízo e aumento de despesas operacionais, assim como a concorrente Lyft (Com IPO realizado em Março deste ano em condições de resultados financeiros similares à Uber), há possibilidade da empresa não alcançar ou manter a rentabilidade em cenários futuros.



Analisando o mercado, a única vez que tantas empresas não lucrativas abriram capital nos Estados Unidos foi no início dos anos 2000, no que se tornou a “bolha do pontocom”.

Seguindo a tendência dos anos 2000, temos atualmente o caso de Uber, Lyft e Snap tomando riscos no setor de tecnologia e aplicativos e lançando suas ofertas públicas mesmo com os indicadores financeiros no vermelho. A esperança dos investidores para com essas companhias é de que, assim como a Amazon, elas consigam no longo prazo reverter suas posições de alto investimento e baixa rentabilidade, e finalmente atingir bons resultados na última linha do balanço.

O IPO da Uber, considerado um dos maiores da história de acordo com formulários da Security and Exchange Comission (“CVM” americana), planejava levantar mais de US$10,3 bilhões distribuídas em torno de 180 milhões de ações em preços que variariam entre US$44 e US$50 por papel. Tais valores fariam com que a mesma atingisse um valor de mercado entre US$79 bilhões e US$90 bilhões.

No entanto, tais expectativas foram bruscamente quebradas após a trágica estreia da empresa de caronas na bolsa. A Uber fechou seu primeiro dia com uma desvalorização de 7,6%, que diminuiu seu valor de mercado para US$69,7 bi e acarretou em um prejuízo de mais de US$655 milhões entre os investidores que entraram no IPO. Ironicamente, a tão esperada abertura de capital da empresa foi também o maior prejuízo financeiro da história de IPOs dos EUA.

De maneira análoga, anteriormente a fiasco da Uber, a Lyft, empresa concorrente, realizou seu IPO e registrou queda de 30% do valor inicial de suas ações.


Mas quais fatores levaram a ocorrer tal tipo de fracasso em empresas que compartilham o mesmo setor?

As duas optam por um modelo de negócio do estilo ride hailing, que oferecem serviços a um preço muito reduzido, justificando os resultados ruins, como da o da Uber. Justamente por isso, essas empresas ainda não conseguiram provar serem sólidas e sustentáveis o suficiente para entrarem forte no mercado de ações. Ademais, uma especulação foi criada em cima dos IPOs, uma vez que, os bancos centrais anestesiaram o mercado após reduzirem as taxas de juros, fazendo com que os investidores buscassem de maneira ávida grandes retornos, sem se preocuparem com os riscos envolvidos. Por fim, a guerra comercial entre os EUA e a China, contribui para a criação de um novo cenário de volatilidade que está abalando fortemente os mercados.

Além disso, o Uber e suas companheiras do setor estão cada vez mais recebendo aportes de capital Árabe que é menos qualificado e tem uma tolerância maior a risco, e vêm sofrendo pressão de fundos de venture capital ocidentais que visam realizar os ganhos com os investimentos feitos no início das operações.

Esse cenário, associado ao alto custo de retenção de clientes frente aos concorrentes, faz com que se questione a sustentabilidade desses investimentos em marketplaces, e cada vez mais se especula: Estamos vivendo a bolha das startups?

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